Post Final.

Ciclos.

Eu já escrevi muito sobre eles neste espaço, inclusive foi uma mudança de visões que inspirou o novo post.
Pois bem.
O ritmo de postagens do meu pitaco mudou, não só o ritmo de postagens, não, porque isso seria algo ligado a simples despropósito ou preguiça. Sendo que eu comecei a escrever o que escrevia aqui por necessidade, para libertar as ideias da minha mente, para dar vida ao que eu achei que merecia ser criado.
Bem, a minha vida mudou, meu modo de ver o mundo também, como deve ser pra quem não gosta de ficar inerciado enquanto os fatos te moldam e você molda uns poucos deles.
Então é isso, eu não vou apagar o que escrevi, uma postagem sequer, como fiz com a fase anterior dos textos de opinião, que escrevia por volta de 2009 (?).
Estamos no segundo semestre de 2014, e nesses cinco anos muito mudou na minha vida, no mundo, e na minha vontade de me expressar. Creio que a internet grita por meios mais rápidos e facilmente digeríveis de pensamentos, que a própria velocidade engoliu a maneira mais densa de se pensar.
Ou não, muito provavelmente isso é uma grande egotrip.

Enfim.

Daqui pra frente vou tentar continuar escrevendo, mas substancialmente PRECISO ir para um novo ciclo, um que corresponda as minhas vontades atuais, ao como acho que devo moldar isso tudo.

Não encarem isso como o fim, mas um recomeço, recomeçarei por lá, e porventura se me bater a vontade resgato algo daqui, conto, livro, sonho lúcido, pílula, inspiração. Tudo que criei e que a internet imortaliza em seus frios servidores cheios de emoções humanas.

 

Estarei em https://ello.co/luizbueno daqui pra frente.

Vejo vocês por lá.

🙂

Post 300

(Post do autor? Sim. Conto? Também).

Não foram uma, duas, ou três vezes que pensei no fim.

Cada post, cada conto, cada pílula, cada byte, cada um deles foi o fim de algo.

Com o poder do que se encerra, do que consome, talvez como principal motivador para tudo que produzo. Ao que parece, o que remete a morte atrai a vida.

Então que tal seja um memorando. Uma pequena morte.

Sim, eu sei que a maioria dos leitores (Será que são mais de 10?) está esperando novos livros. Terão seu momento.

No mais agradeço por estar finalizando e vivendo todos os dias.

 

E novos fins virão.

Confiança é Coisa de Pobre

_Concordo
Eu assinei um contrato sem saber do que as cláusulas tratavam.
_Concorda? Como alguém em sã consciência pode ter este tipo de opinião? Você é um maluco!
_Não seja por isso, agora não concordo mais; isto te faz feliz?
_Fingir que mudou seu pensamento só funcionaria com os tolos que você chama de amigos. Comigo a verdade é só uma, e você é um doido varrido.
_Eu só disse que concordava.
_Só? Você tem noção do impacto que uma opinião como esta pode causar?!
_Pare de atribuir peso as coisas, é por isso que você vive reclamando da sua úlcera estomacal, é por isso que você a tem. A vida não é tão pesada assim, nem deve ser.
_Ora, isso seria bonito de dizer se eu estivesse conversando com um colegial, não com você!
Ela tinha razão. Um governador jamais assinaria uma emenda para liminar os impostos de importados e triplicar a carga tributária de itens da cesta básica.
É o tipo de coisa que se realiza em momentos de fraqueza.
Momentos de fraqueza são luxo de civis.
_Ora, é só comprar algum semanário dizendo que foi um golpe da oposição.
_Novamente.
Eu poderia prolongar o diálogo com minha assessora e dramatizar minha queda. Mas o que o senhor quer é só mais um capítulo para o seu livro bombástico, não é?
_Sim.
Pois então, desse atual andarilho que usa o seu latim para escrever cartões e sobreviver só vale ressaltar a punhalada de minha aliada, que tinha conchavos e eu nem sabia, põe aí no seu capítulo que confiança é coisa de pobre.

50 anos

E divorciada. Trocada por uma ninfeta com mais mililitros de peito do que de encéfalo. Do tipo de vadia que para parecer mais sofisticada ofende de acéfalo quando quis dizer anencéfalo e nem sabia.
Que se dane.

Saiu com o carro que comprou com o próprio dinheiro de mulher bem-sucedida e bem-traída. Pegou a via rápida que estava vazia e sentiu o vento no rosto, o carinho natural, mais aconchegante do que qualquer idiota de meia-idade.
_Múmia!
_Aborto do capeta!
_Cão!
Os xingamentos romperam sua meditação eólica-automobilística.
Malditas lembranças.
Os fantasmas escolares não escolhiam momento, digo, selecionavam sim, tinham preferência pelos instantes de prazer.
Eram um puxão sem anestesia pós-queda.
Na angústia da menopausa misturou remédios, cigarros, álcool, fantasmas e repulsa.
Agitou tudo e bebeu numa só golada.
Demorou – 5 meses – mas desceu, e o corpo filtrou. Senhor do Bom Rim e Pai do Fígado Eterno, amém.
Arranjou um rapaz e casou-se. O jovem também a traía, entretanto ela sabia. Tudo para ver o canalha 1 ferver de cíumes em festas sociais onde serviam hipocrisia em copos de cristal.

Crítica 2

_Querem que eu escreva sobre elementos que eu não convivo, não conheço. Não vejo lógica nessa requisição.
_É porque depois de certo tempo, você se torna repetitivo.
_A medida que eu vivo vou acrescentando mais ao meu ficheiro de cenas interessantes. Isso evita o tédio. Mesmo assim, insistem em dizer para eu produzir sobre o que não entendo, isso só pode dar errado.
_Está.
_Então eu vou continuar redigido sobre temas dentro da minha ótica.
_Ok.

“Os pés balançavam dentro da bacia, fazia dias que não limpas seus pisadores com água quente e sabão neutro. Como se a limpeza dos passos condicionasse e desencadeasse a limpeza da alma.”

_Veja, eu poderia escrever sobre meus pés sendo higienizados e ainda parecer copiador?
_Não, entretanto isso é chato.
_Chato?
_É.
_Eu não tenho pé chato!
_É o que você escreve.

“Jogou a cabeça para trás e observou a cidade invertida, guardou a imagem para lembrar mais tarde. Sentiu a circulação travando.”

_E agora?
_Confuso, nada original.
_Pois então vou copiar um gesto de outro conto.

“E o autor levantou e deu um soco no nariz do crítico, que foi embora respirando de lado.”

Fluxo 7

O amargo quando não é eterno é mais glorioso, refinado, chique, sorridente, estou feliz assim e não me deixe só porque um dia tudo pode mudar meu bem quando eu evoluir e evacuar você dos meus dentes de ouro de tolo, saudável e verde que o doce que dá cáries, diabetes e meu colesterol já não é o mesmo de décadas em que eu era jovem pulava corda fazia flexão e tinha tesão em dizer que tinha tesão pelo que transforma a sociedade e salva o mundo dele mesmo por pi vezes quatrocentos menos quarenta e dois contando os anos bissextos, colorido, é tão colorido e falso que num admirável açúcar de confeiteiro novo para amarelar sorrisos tristes embranquecidos por um creme dental comprado no mercado da esquina, o doce lembra a falta de poesia que vemos em fóruns, twitters, facebooks e outros sítios que dão matemático, variável e insano alívio instantanizado e o cansaço do vômito mental que nos obrigam a praticar para não entupir a cabeça de merda que já basta para os ouvidos que vão sumindo, orelhas de cartilagem de diamante que se retraem para dentro do corpo pela misantropia que foram obrigadas e agradecidas a fabricar com as tendências feitas para que pessoas não cumpram e assim possam afirmar do topo de sua originalidade e intelectualismo como são bonitas e sorriso de lado a lado após depressão que rompe a alma daquele que não exige fixação ficcional.

Fluxo 2

É necessário um certo tempo do dia para conversar consigo, em que o indivíduo faça seus constantes exames de consciência e domine seus estados; entender o que significa determinado estado de espírito e humor, que isso pode ser representado por alguma contração muscular em especial, a visão, o reconhecimento do externo. O modo com o mundo está e a temperatura, a saturação do cor visual – se isso significa um estômago queimando ou uma perna trêmula que não consegue ficar em pé, na condição de funcionamento efêmero é único do corpo; este tempo só se faz preciso, obrigatório em pessoas de alma velha, em pessoas que não suportem o silêncio mental por nunca alcançar tal patamar mesmo durante o silêncio consciente o cérebro não cessa, não para, não vacila, alcançar o estado de suspensão total não é útil – o que deve-se fazer é compreender e acariciar o seu eu ativo, o eu sem pudor, o que não esconde a vontade primitiva e não sente piedade – a consequência de fugir de si mesmo é mais explícita que o nascer do sol interior, caso o eu não receba suas doses diárias de atenção esse ser, essa besta, explode quando quer, temos casos de constrangimento, paralisia, choque e o equilíbrio físico-emocional fica seriamente prejudicado por não ter como restabelecer sua originalidade, um rio desviado, um vidro rompendo o fio da vida cortado.

Limites

Aquela bomba-relógio que eu observei contando, cantando a luz fria da Tv velha, o nível de distância de nossos corpos estipularia quantos segundos restavam para que o inevitável acontecesse, não se via mais graça na desgraça da rotina de classe média de casa em casa, de fumaça a fumaça e nossas formas de despistar a realidade do foco apreciado por nenhum ser humano, murmurar e praguejar no ouvido torturas que revelariam e revirariam a alma dos fantasmas angustiados, seus olhos de rubi, sangue injetado na rapidez dos pensamentos insignificantes procurando por aquele pedaço de mundo contido num sachê de creme seco do cansaço da rotina, aquela felicidade mutilada, um murro na porta – não aguento mais – gritos despertadores, descarregando, de gritos para choro histérico, mudando tudo para o silêncio – o massacre do silêncio – em que olhares dialogavam paranormalmente – É disso que você quer viver? Claro que é, a simplicidade é o suficiente para abastecer-me. Servir a um propósito que eu não entendo é bastante interessante também visto que as trilhas caminhadas pela minha ofegação me levaram a decisões inéditas, viverei para servir – Servir a mediocridade de um deus, que todos servem, você não pode cometer a ousadia de procurar algo original, que possa chamar de seu, algo que não pareça doentio e desconstruído? É preciso viver de maneira que quero independente do que isso implique. Implicará na avalanche sentimental, você vai ter de procurar ficar em depressão para encontrar-se, a rua do masoquismo vai ser seu ponto de passeio, eu, eu só queria entender porque não pego um martelo, um pé de cabra, uma foice para rasgar esse peito e arrancar a angústia de dentro. Fazer isto sem arrancar sua vida seria algo impossível. Como vou poder sorrir, expressar minha felicidade e olhar para o espelho me provando que é tudo armadilha dos meus confins encefálicos? Como o meu mais radiante e branco semblante não vai parecer o mais escuro? Vamos nos entupir de ideologias e filosofias para que algo pareça existir por então. Esse caminho é muito perigoso, muito intenso. Levantando da poltrona e apelando para sinestesia era esmigalhar as lamúrias, esse dopar lembrando de como uma risada pode massacrar quando invertida, a risada demoníaca dualista que não se define, perder-se num espiral, buraco negro da lógica e aspirações e tudo sem volta e com retorno instantâneo precisa-se só achar um sentido para a geração que tem todo tempo do mundo e não sabe o que fazer – o tédio existencial – a vontade de não ter vontade, os dentes correndo, arrancando pedaços macios da própria língua carregados de veludo em que as cores perdem-se numa espiral maior, a espiral desesperada que grita para poder expulsar algo, algo metafisicamente intocável e que consegue incomodar mais que a visão inercial e sufocante da vida moderna – temos remédios – para minhas dores que me enganam melhor que aquele que morreu para me salvar sendo que eu não salvarei-me nesse jogo de procura não acha esconde não encontra quem você pensa que engana? Os insetos rolam em sua histeria, formigas vão devorando – canibais de bolso malditos – o que sobrou das ilusões do que eu já encontrei em nós e todos é melhor não pensar – é preciso desaprender, desacumular tudo que não é pertinente; a frustração é enfim a melhor condição que podem nos dar agora não é? O que precisamos mais do que sinestesia? Um coração ansioso e oxigenação corporal prejudicada podem responder ao afeto – ao tapa na cara, tapa que estala e queima revelado, personifica o tapa que só a verdade, o tapa não aceita hipocrisia – em clímax, até que ponto o nosso controle é suficiente para que não estejamos em estado de total desgraça sem conspirar com universo nenhum, ponderar sobre o valor das emoções mais intensas é algo indeterminado e arriscado, por isso deve ter um gosto tão bom e render tantas horas de energia sonora dissipada em arquivos mentais de altíssima compressão, ter a estrutura que alguns julgam – quantos juízes encontramos ao longo da existência? Todos querem julgar, é a hashtag do verão por surtos epiléticos publicitários quase de graça – crianças choram em decorrência da maldade, a dor massacrante da lágrima é uma das coisas mais belas se você quiser continuar parecendo ter sentido em suas palavras, implorando por piedade alimentícia, estamos em desespero pedindo encarecidamente que os olhos saltem, a sensação de pegar o globo ocular com os dedos e fazer cócegas em seus próprios nervos óticos – o mastigamento da visão para obter a nova perspectiva da infelicidade – vamos todos engasgar, um coral de tossidos e de pensar se despertando para a real emboscada da vida – a real desgraça da vida – pular de emoção e intercalar com a razão que não faz ideia de que se construiu ou com que cometera horríveis abominações. Não há graça na solidão – não há risos nas noites em que pessoas morrem sem ao menos dizer que amam alguém – os mini-universos são necessários para sustentar o maior; por isso ele é infinito, precisamos de algo infinito para sobreviver, para não morrermos soterrados, o pavor de não ter vivido sua meticulosa lista de insignificâncias para construir depois do fim de um sistema – e não vivo o suficiente para ler e ver o futuro, contudo carrego o peso de milênios nas costas sofridas e tratadas, quero dar importância a nós para que tudo isto seja o início do meu universo, não deixe-me rasgar minha cabeça, a lógica é não procurar lógica, viver é perigoso e viver sem viver não é permitido por isso – o que resta no fim, o derradeiro, o esperado, o inevitável – o contraste, a contradição é o que mantém. Não procure fixar-nos em uma parede.

Post 100

Esse não é um post com um conto, é um meta-post por completo, por isso não sinto necessidade de colocar “Nota do autor” ou alguma outra tag do gênero, para o centésimo post do Pitaco eu, a princípio, não sabia o que postar, na verdade nem preocupava-me o conteúdo – não ganho nada com esse blog mesmo, ele me serve mais como terapia – ou a importância do post. Felizmente (ou não) algumas datas se cruzaram, desde 2009 eu tenho um projeto de livro que foi crescendo – entre os milhares de projetos foi o que conseguiu sair do limbo das ideias – e virou algo como um Frankenstein literário, uma compilação de tiradas e pensamentos costruíram esse monte de palavras.
Portanto, uso o post cem para publicar meu primeiro livro (que eu completei), como todo o conteúdo do blog, ele é gratuito e está sob CC 3.0.

Duas Pseudo-biografias e Uma Conclusão.
http://goo.gl/dh9Wr