Réquiem Para Um Réquiem

Outra com ideias diferentemente parecidas dizendo que havia passado por “fazes”. Repetia que a melhor já vivida era a atual, mesmo sem fazer noção de qual esta representava.
Com latejante personalidade, como um calo ou galo que infla e murcha, era instável e incômoda. Até tentava mudar, todavia pegava-se em auto-afirmação, em auto-crime. Pobrezinha.
Já havia enterrado o enterro de suas expectativas. E desenterrado. E enterrado. E desenterrado.
Porém as unhas continuavam perfeitas. Ah! Estas sim! Nenhum vestígio de sujeira advinda de escavações! Tão limpinhas.
Outro que não estava nem aí. Dizendo que pra que realidade, pra cá curtição, pra construir há de repetir. “No pain, no gain”.
Até tentou ler um negocinho ali e uma parada lá, leu o suficiente para afirmar que o autor o inspirava em uma rede social nem um pouco social.
E desde sempre achava que escolher era a coisa certa, vou torto, mas vou reto, todo mundo faz isso por que eu não faço também. Também. Também.
Fora enterrado em enterros, contudo enterrava enterros com a mesma perícia que era vitimado.
E dos requienistas imprevisivelmente previsíveis nasceu um par matemático. E daí? Deixa a dízima para depois.
Um mais um é igual a zero.

Passos Ajustados

Aqui poderia acontecer uma epopeia, uma narrativa de reviravoltas que não se importasse com quantos caracteres gastar ou mesmo quantas exclamações gerar, dessas histórias que todos estamos enjoados de ouvir, ver, sentir, das que não correspondem com o mundo em que se vive, em que se sofre.
Não será uma cruzada o que será contado por essas linhas.
É uma brincadeira besta de um povo besta de uma república mais besta ainda, tanta bestialidade só poderia resultar em uma coisa: Tédio.

Esta é a história sobre o nascimento do tédio.

Carlo, sem o s, por erro ou infelicidade dos pais, estava em sua conquista diária, com sua espada de bronze herdada sem dó nem mi forjava aventuras medievais em lugares contemporâneos, enfiava a lâmina na carne vermelha para esquentar o almoço do dia, fatiava monstros clorofilados para servi-los no banquete principal e tornava tudo tão sagrado, tão precioso, que sabia que era tudo ao mesmo tempo só seu e de todos.
Até que um dia…
– Pausa.
É importante sinalizar que o nascimento do marasmo se dá com a morte da imaginação. –
Ele descobriu que era desnecessário navegar para viver.
Sabemos qual é mais importante, tudo bem, Carlo teimou.
E foi, e enfiou essa ideia na cabeça de todos e esses todos enfiaram um propósito na população que terminou escrito numa bandeira.
Numa pátria.
Bem-vindo a Federação do Tédio.
Guarde suas roupas e boas intenções ali, temos que trabalhar.
Pra quê?
Eu é que sei?