-Responderia pacientemente:
_Por que usar o desktop?
_Porque não tem wi-fi.
_Por que não tem wi-fi?
_Porque eu não preciso.
_Por que você não precisa?
_Porque eu só uso o computador na sala.
_Por quê?
_Porque ele é grande demais para arrastar.
_Por que o senhor não compra um notebook?
_Porque eu não preciso.
_Então por que o senhor reclama do tamanho do seu computador velho?
_Eu não reclamei. Só disse que era grande demais para arrastar.
_Então o senhor não limpa casa ou é um mentiroso.
_Por quê?
_Porque sim.
_Como “Porque sim”? Isso não é resposta.
_É o que digo quando o senhor responde assim. Mas aí você fala “que é isso e pronto”.
_Moleque, corto a internet se você continuar nesse tom.
_Qual? Igual ao do senhor?
_Vai já pro quarto! Sem internet por um mês!
_Por quê?
_PORQUE SIM!
-Nossa, quanta paz de espírito. Ainda bem que você não é pai, se uma criança já lê suas contradições imagine duas.
-Gêmeos? Vou ser tio?
-Sim.
-Não vou ser do tipo de tio solteirão-moderno não.
-Você é quem sabe, só sei que a primeira coisa que eu vou fazer é entupir os dois de bugigangas eletrônicas.
-Ué, você não estava declarando-se coerente e paciente agora pouco?
-Eu não. O assunto era você.
-Verdade.
…
Os dois encostaram-se à parede do corredor da sala de cinema, dando passagem para um casal, uma jovem família, cinco iCrianças iam fazendo tudo ao mesmo tempo, nada ao mesmo instante.
-É mais fácil entregar a responsabilidade para os pixels.
-Verdade.
Pitaco 