Cineucalipto

Repare o seguinte fato: Em uma viagem, ao acelerar – de preferência em pista boa – a paisagem paralela ganha novo significado. Não que caminhar tenha perdido seu sentido – até porque a falta de pressa parece estar fora de moda. É que é possível enxergar o novo mesmo estando no mesmo lugar. O quase isso.
Muros e construções acinzentadas se pasteurizam num patê pastel, pessoas vão virando borrões e o céu uma grande língua azulada dos dias abertos. A variedade decai ou sobe, infinita.
Das combinações, uma das fascinantes entre as mais é a dos intervalos que ganham vida – nem que seja como listra simples. Explico: Sobreponha uma sistemática estrada de fileiras de árvores paralelas, eucaliptos, como exemplo mais fácil.
Em alta velocidade as filas criam lojas de luz, que vi usarem de maneira bastante curiosa. De 10 em 10 árvores uma palavra se repetia numa placa. Algo que não fazia sentido em pés humanos, mas em quatro rodas, sim.

“BEM-VINDA DE VOLTA”.

O grande problema seria a distração causada pela primeira ideia. Depois que o ato viralizou-se em redes, o que vemos hoje é:

“OLHE PARA FRENTE”.

O fim da poesia ou a vitória máxima dela. Nenhum eucalipto saberá.

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