Ritidomas

Sua própria insensatez
tão sensata
desfaz sorrisos e desata empatias
fragmenta teias minuciosamente compostas
num pingo de úlcera honrada
estrangula-se

Torna-se o temido
negando o que vê
sua própria insensatez
efervescente líquor intoxicante

Emana, contamina, reclama
o posto ocupado está vazio
hierarquia desconstruída
auto-flagelo desejado

Sua própria insensatez
A foz do espírito
aura nebulosa
cinza

À caça de razão
da compreensão magnificente
de sua própria insensatez
Há direção?

O Pensamento

Vem como um silêncio.
Não um silêncio.
Um desses sons,
silencioso.

Estende-se.
Vai cobrindo
manto translúcido

silenciosamente estende-se

Cobre com plenitude.
Domina em sopros.
E por fim, instala-se.

Emite
vozes
olhos
aromas.

Tudo sem de fato ser.
Visão profunda do que é negro.
Gosto denso do que é insípido.
Inspiração prolongada de um não-ar.

E o alternativo já não é escolha.
Um outro ser
Em você.

Seus devaneios emergem.
Luzes frias, quente escuridão.
Controle revogado.

É tarde para perceber.
Sua mente não é mais sua.
É sua só.

E a segunda voz é sincera
cortante
imprevisível.

Todos os demônios estão lá
em sobreposição de planos
remoendo suas auto-afirmações.

Lamentar apenas progride o tempo.
Coopere e tudo ficará bem
talvez ele volte a dormir.

A mente, o cerne, o intra.