Inspiração.

Entrando no ônibus pela porta dos fundos, o anunciante não foi recebido com os olhares mais amistosos que se possa imaginar; sua vestimenta não ajudava sua surrada aparência, mas para seu propósito ali, fazia sentido.
_Eu não sou ladrão, nem bêbado, nem assassino, nem político, nem vagabundo, sou só mais um trabalhador que sua todo mês para sustentar uma família e pagar os impostos. Descobri há um mês que possuo um tipo raro de câncer e que só existe tratamento em hospital público de São Paulo; eu infelizmente não tenho dinheiro para passagem de ônibus interestadual e não posso cortar o arroz e o feijão das crianças por causa de mim. Então eu venho pedir encarecidamente, preciso juntar 140 reais para completar a passagem para enfim poder tratar-me deste mal.
O homem abriu a camisa e revelou sua pele cheia de machucados, pus, carne viva, toda sorte de podridão do tecido epitelial. A cara indiferente dos passageiros rapidamente converteu-se aos mais variados estados: horror, riso e duas pessoas expressavam fascinação: Um velho de cabelos prateados e uma menina de roupa branca.
O velho chamou o rapaz que agradecia a cada moeda recebida:
_Ei, venha cá.
_Sim. Senhor?
_Sente aí.
_Para quê?
_Apenas sente e ouça. Darei-te 200 por isso.
_Tudo bem.
_Não quero saber se o que diz é verdade ou não, não me interessa saber o nome ou a cara da sua família, de seus conhecidos, nem quero ouvir sobre sua miserável rotina. Quero que você me conte sua história até aqui, se ela for realmente passível de originalidade eu pago-lhe os duzentos, sou escritor, preciso de boas narrativas para um livro novo.
_Ei! Você disse que me pagaria 200 só te ouvindo, não tinha posto nenhuma condição além desta!
_Pegar ou largar.
_Tudo bem. Bem, eu…
_Você tem sete pontos até eu descer.
_O.K., vamos lá: Ela, minha ex-esposa, era jornalista da tevê e iria fazer uma matéria sobre moradores de rua gravando depoimentos, um destes foi o meu, antes de gravarmos o vídeo, a tomada oficial, nós conversamos um longo tempo, ela perguntou de onde eu vim e eu respondi que nasci e cresci na rua, os olhos dela brilharam e nós nos casamos e…
_Uma jornalista bem paga casando com um mendigo?
_É. Na época ela lia muito Augusto Cury e assistia muitos filmes com o Robin Williams, de certo criou um fetiche do arquétipo de auto-ajuda mais conhecido: O pobre sábio. Enfim, nós casamos e ela me pôs para estudar filosofia, ela entrou em crise emocional e foi despedida, eu encontrei meu emprego na fábrica de refrigerante. Separamos-nos, ela serviu para dar-me o mundo, abrir meu ângulo de visão.
_Prossiga…
_Então, eu cheguei a chefiar a tal empresa, mas gastei tudo em bebidas e mulheres e fali o complexo nacional, era minha fase hedonista, tive que trocar de nome e fugir para uma favela onde encontrei minha atual mulher, tenho meus três catarrentinhos e trabalho num lava-jato em que muitas moças vão por causa do serviço. Daí para frente você já sabe. Cadê meu dinheiro?
_Calma.
_Como assim? Eu preciso dele!
_Ainda vou escrever o livro, oras!
E o escritor desceu, o rapaz tirou parte da maquilagem-ferimento sem querer.

Móvel Centenário.

A cômoda era de madeira, de um mogno gasto, rangia bastante conforme a gaveta era puxada, parte de suas entranhas teria sido devorada por cupins ou apodrecida pela umidade ou consumida pelo fogo, o que se sabe é que através da abertura irregular que lembrava a boca de algum ser do imaginário infantil – um bicho-papão talvez – era possível e ainda é enxergar o conteúdo do móvel de detalhes da moda antiga, não que exibisse requinte ou modismo – demonstrava em suma temporalidade -, cadernos, roupas, fotos, pedaços de naftalina e lembranças tristonhas.
Sempre esteve abarrotada de vida; alheia? Talvez ao medo do fim. Ou do começo do fim.
Atravessando toda uma geração da família com sobrenome tanto-fez-tanto-fará temos como primeira utilidade dada a função de guardar registros escolares. Do início ao fim de Dona Carmelita, -a matriarca inicial- tudo fora guardado desordeiramente, papéis amassados, notas modificadas (era um 5 que virava um 9 e assim em diante) e cartas de amor, a hoje velha era a menina mais bonita da escola e colecionava postais de admiradores até escolher a dedo a mensagem e o pretendente – Benedito, o qual seria o avô do futuro.
Dona Carmelita parou de estudar por conta de Benedito, que repetia “lugar de mulher é em casa” e assim, só concluiu a sua oitava série. Transferiu, certo tempo de barrigas depois, para sua filha, Lídia, o pedaço de madeira que estava empanturrado de histórias. A moça pôs tudo num baú e usou o já velho móvel para guardar calcinhas, calcinhas que usou e retirou em protestos em prol dos direitos da mulher, ativista oficial, não casou, mas teve uma filha (ria quando alguém cogitava dela ter um menino) que queria, porém não alcançou sucesso, criar de “forma independente”. Seu Benedito serviu como pai-avô e ensinou os primeiros passos a Carolina – a neta – que andava e pensava com dois anos.
Após Lídia ser assassinada por torturadores, Carol (ganhou o fúnebre apelido padronizador, quem justificava o funebrismo era a garota mesmo “Quando me colocam no meio da massa, vai morrendo meu eu.”) chorou muito, ganhou um trauma e foi morar com os avós, lá, revirou a cômoda – cada gaveta tinha uma cor de roupas íntimas, Lídia era sistemática, secretamente sistemática – encontrou sustos e também uma evidência do que iniciaria sua missão: Em uma calcinha vermelha havia um nome meio apagado. Seria do seu pai? “Carlos sobrenome-qualquer”.
Agora a mulher Carolina estava casada com Pedro, o rapaz foi essencial na busca da menina em traçar e conhecer sua própria árvore genealógica, mesmo que seus avós não estivessem vivos para saber, entender, o desfecho, ela estava feliz, reunia na cômoda agora todas as lembranças da sua forçada família; como mulher preferiu o velho matrimônio, porém trabalhava também, engraçado e terrível foi descobrir que seu pai fora obrigado a torturar sua mãe para não entregar um grupo essencial de revolucionários inteiro. Carol pensava muito rápido, e dava-se bem com os computadores que começavam a virar unanimidade, entretanto, sua paixão pela vida das pessoas a levou a “olhar o passado antes do presente”, sabia que apoiava-se em pieguismo e rebatia com outro clichê “O que não é piegas hoje?”.
Carolina sabia ver a beleza na tristeza, assim como todas as mulheres que pulsam.
E a cômoda rangia sangue.

Caco da discórdia

Quebrou a garrafa marrom no chão e transformou-a numa arma, sua posição mudara, afastou as pernas, arqueou as costas e mantinha os braços num círculo fatal, era agora “irei acertar as contas com este maldito, ele vai engolir o que disse junto com o vidro.”
Tudo tinha terminado assim, nisso, nessa coisa, nessa sinuca cansativa, por causa de uma traição combo. O que vai no pacote? Traíra monetária, piranha, piau sem cabeça, frita tudo no óleo do cinismo, por favor. Pra agora? Não, quero comer frio. Descoberto o fato, a revolta inicial custou-lhe o home-theater (romi-tite?) novinho em prestações, agora ele estava lá, reivindicando algo que não sabia.
Depois da dolorosa descoberta preferiu respirar e guardar o remoimento para si, até perceber que isto só fazia projetar uma paranoia exterior onde tudo remetia a ação vil, quem sabe era só impressão.
Não, não era.
Tinha certeza que não.
E fora chamado para uma festa no mesmo dia, lá viu as pessoas conversando “é sobre mim, é sobre mim, estão rindo de mim, da minha desgraça, são todos iguais” e misturou lamúrias com álcool resultando nisso.
Para um lutador, o infeliz era excelente corno, na primeira tentativa de golpe já caiu duro, enganado pelo próprio eixo de equilíbrio, e começou a prantear soluços em posição fetal (alguns diriam fecal), varreram-no para fora do evento e ficou amargando até encontrar outra que o enganasse do mesmo jeito “olha como ela dissimula bem”.

Percepção

_É difícil compreender o que você diz quando seu rosto exprime tão claramente outra mensagem, tudo bem, isso tem lá sua graça quando não é constante, é aquele componente a mais que afasta o tédio, o linear, porém quando o instável torna-se padrão a situação tende ao insustentável.
_Quer um manual de mim? Que explique minhas engrenagens e localize meus pontos mais conflituosos?
_Caso você não fosse você.
_Que inteligentezinho.
_Veja isto: estamos discutindo o quão caótica é sua mente enquanto seu humor varia mais que, sei lá, tenho medo de colocar uma analogia incorreta que vá alterar seu humor antes da próxima alteração que viria naturalmente.
_Então já está compreendido.
_Como?
_Acabou de explicar o porquê e não percebeu.
_Tudo bem, eu vou comprar uma caixa de chocolates, sinto que sua TPM está aí, te chamando, vou encomendar uma caixa de bombons mais uma assinatura mensal de um exorcista para expulsar os demônios.
_A caixa de chocolate: Dê para o exorcista, e mande este para nossa casa, sua mãe vai ser um bom desafio, aposto que o maior.
_Mas ela gosta tanto de você. Talvez os seres do mesmo planeta compreendam-se com mais eficiência.
_Por isso você fica horas conversando com o cachorro.
_Argh.
_Eu primeiro. Se é pra viver um clichê desses, que seja da forma mais roteirada possível.

Ela levantou-se e segurou com os dois braços finos o enorme vaso de cerâmica dado pela sogra, aquela coisa só servia para tapar a visão e juntar poeira.
_Assim, agora mire aqui.
Ele traçava no ar um alvo invisível para os futuros cacos do vaso.
_Seu idiota!
Então o objeto descreveu um voo feio, nem um pouco elegante, até espatifar-se nos ladrilhos do chão da sala.
_Muito bom! Como se sente?
_Mais aliviada! Mas sem vontade de repetir.
Depois de limparem a sala, sentaram no mesmo sofá e folhearam um tipo de bloco-lista, com alguns tópicos riscados e outros intactos.

– DOS CLICHÊS DE UM RELACIONAMENTO-
◊Discussão e vaso quebrado.
◊Alterações súbitas de estado.
◊Primeiros “tudos”.
◊Corrente com pingente de coração e cartinha.
◊Troca involuntária de nomes.
◊Presentes em excesso.
◊Esquecimento.
◊Traições.
◊Fim pseudo-trágico com frases melosas.

Signo

A notícia da hora dizia que o asteroide B5-48 iria se chocar com Saturno alterando milimetricamente sua rota, quando leu sobre isso, Tula, nativa de touro, ascendente áries, lua virgem e cabeça de câncer entrou em colapso:

_OH MY GOSH! Gente assim não dá, eu precisava de bom humor hoje, vem esse treco agora eu acho que vai ser depressiveday logo hoje que eu ia colocar o novo cd da minha banda favorita no meu ipod! TODOS CHORA SEM THE DEAD GIRLS!

Depois guardou seu chilique na mochila rasgada do macaquinho e ficou sem graça quando lhe perguntaram quem foi Castro Alves. O boca do hell, é?

Sinestesia de faixa de pedestre

Os carros seguiam em movimento uniforme, a rua era um rio, eram artérias fosforecendo, as luzes de freio, faróis, tudo fazia parte do conjunto, da serpente mecânica.
Alguns enclausuravam-se em bolhas sobre rodas, toda a sensação do conforto pago era posta em teste, o engarrafamento era mais um momento de reflexão, e das nuvens para o fogo eterno encontrávamos os um ponto zero, vidro sempre abaixado, tudo muito exposto, tudo para o mundo ver.
E a circulação prosseguia como num paciente pé-na-cova.
Depois de certo tempo, a desordem começava a emergir; ofensas constantes, batidas propositais, barbeiragens advindas do nervosismo, e em casos mais graves, assassinatos. Tenho fama de pacífico entre meus conhecidos, entretanto a verdade é que dentro de um veículo, o seu eu primitivo tende a revelar-se.
Dentro de trinta minutos, percebi o que eu tinha feito após fecharem meu novo gol e amassarem a traseira dele, o calor da situação cegou o meu ato maligno, não senti descarregar os tiros e matar dois pais de família, acordei quando vi uma criancinha chorando; o puxão moral tardio foi útil para iniciação da minha ruína, não conseguir controlar o instinto, a fome sanguinária contida em todos os cidadãos de bem que tanto sofrem diariamente.
O vulcão cumpriu sua sina e eu, minha pena. Em trinta anos de prisão posso exteriorizar o que aprendi com tal enriquecedora experiência: Nada. Notei muito e documentei para a minha mente muita coisa, muita vida, muita morte. Os humanos sofrem e isso foi o que eu vi, vejo e ainda estou vendo, não vejo beleza em hora do rush, ou a fumaça de uma chaminé soldada na cabeça ou em pernas de pessoas que banham-se com o próprio suor da cara sofrida, fragmentada pelas promessas de sorvete.
O céu continuava ali, as constelações numa calmaria universal, nenhum corpo celeste ficava comovido com toda aquela enchente de reclamações. Seus trinta anos perdidos em segundos de respiração fizeram enxergar beleza em que quisesse perceber. Os capilares transitais ainda abasteciam o município com gente e narizes a apontar e indicadores a respirar.
_O que procuramos é um solução, cansamos de reflexão.
As questões contorciam e cindiam, a terra persistia da mesma maneira, não havia grandeza e mais que isso naqueles que morreram tentando provar o oposto da obviedade, ramificações e vertentes de frases ecoavam no deserto, porém não havia mais o quê.
E o ritmo suave não nutria preocupações fantásticas, continuava, sem ligar para repetição ou noção de tempo, ou de existência. O único elemento cem por cento humano era a negação, o único bicho que negava, que tinha a compreensão do inverso, do oposto não marcava presença.
Não imagine seus átomos circulando fora de você.

Redação

Eu tenhu cuatro anos de idade hoje eu brincei na pissina de bolinhas cororidas e pedi meu dinheru do lanchi aí eu tivo que paga o tio do lanxe com outra coisa peguei as goiaba que tava na vizinha da iscola ela tava na ingreja cão certesa fofocanu dus otro purisso robei sem medu do padre discobri.
Aí eu vi o caxoro tava souto na casa da vizinha fofocera da iscola ele correu pra me morder e me morde e eu chora e tivo que pulá sen meu calsaum e com minha rasgada e todi mundo na iscola viu e riu de eu.
Aí eu chorei mais mais num adiantou nada puq a tia mim dexo eu di castigo e disse qui é feio pega fruta das caza di vizinho e que minha maē ia sabe de tudo e que eu ia apanha mais mais mim ia aprende a se edulcadu.
Mamãe mi busco e disse puque eu tava com ropa diferente e eu conti a istora prela i ela mi puxo pelo orela até in caza i meu irmaum falo que minha oreia de dumbo tavo vermeio qui nem tumate novo e eu respondi e minha mae bateu em eu com uma vara di goiabera.
Dueu di mais mais eu aprendi que toda vez que eu perdi meu dinheiro o serto é passa fomi e a pissina de bolinha é un otimu luga prachora sozinho quandu seu bunbun ta vermelho di tanto apanha.
E essa é a histora du meus féria de verom, quer dize, só lembro dessa quandu as aula tava acabanu e das feria eu num lembra direito, professora ti amu precizu de deiz pra num apanha di novo. Deus ti ama.

Ciborgue

Chorava toda semana até cair e bater a cabeça na quina de um banco fanfarrão. A fissura aberta próximo a nuca revelou o início de um fluxo viscoso e transparente que emergia da calejada região. Correria para o hospital, está tudo bem, não foi nada, tudo intacto agora.
Não.
O que mudara é que o choro escorreu pela cabeça, desde então a moça trazia rachaduras desérticas no seu olhar e petrificação diamantesca em seu coração. Tudo estranho.
Nem tanto.
Levou para o psiquiatra que sugeriu instalar as emoções via pílula de nanorobôs hiperboléticos; agora doía a dor de viver, mas era uma agonia falsa, o que causava mais sufocamento. Volta e tira o robô.
Trocou de óculos.
Antes adiantasse tanto esforço para reconstituir a integridade, o pretérito, o preterido, contudo, a cada nova tentativa uma nova falha aparecia em seu cérebro, indo que para o fim da história ela voltou, mas não era o início.
Chorava com motivo.
Implantou fatalmente un dínamo que convertia afeto em cálculos e morreu tentando dividir sua vida por zero.

Nenhuma nudez será reprimida

O garotinho de seis anos questionava o pai, a família acabara de acordar e enfrentava a matinalidade da urbe – são tantos dragões para matar, porque duas crianças na mesma idade dele esfregavam a genitália naquele novo desenho aprovado pelo novo governo e caracterizado como “desenvolvedor da expressão sexual infantil”.
_Filho, é porque…
-As palavras tropeçavam naquele constrangido velho pai-
_Elas estão descobrindo-se, meu filho. Completou a mãe.

_Não! Não foi assim que eu aprendi, esse tipo de bizarrice não vai entrar aqui em casa! Ainda há pessoas normais nesse mundo, eu tenho certeza!
_Meu bem!

E num clarão o pai sumiu dali e a família passou a dizer que ele teve um infarto fulminante cerebral – matava muita gente nesses dias.
Sabemos só que ele foi para uma casa de loucos no subsolo, todos que iam para lá cometiam suicídio por inanição. Curioso, concorda?

A Cousa Culta

“Caro leitor do passado.

Periodicamente encaminho correspondências para seu tempo, mesmo que você só vá vivê-lo uma vez, quem passara por ele é vossa pessoa, por isso, aproveite seu privilégio único de poder brincar com a fenda temporal.
Se minha carta chegou ao local certo (Brasil) e ao destinatário desejado (jovem utópico), tenho certeza de que a pergunta “Como será a educação no futuro?” ressoa e ressalva em sua ansiosa mente.
Pois bem, hoje é seu dia de sorte! Nas linhas que seguirão (Leia com paciência, aproveite que para você ela ainda exista) irei descrever a situação educacional da nossa terra de palmeiras sabiáticas.
Boas notícias há de virem à frente para amortecer os pêsames que ocuparão a maior parte deste escrito: O bacharelado é do povo! Agora, ter curso superior é lugar-comum, exigência padrão, para qualquer cargo com remuneração acima de dois salários (ou um) mínimos, de acordo com minha estimativa de correção monetária, isso não significa mudança de coisa (ou cousa) para os miseráveis.
Os jovens possuem acesso a informação gratuita de qualquer parte do planisfério! É fantástica a velocidade de nossos meios de informação, cartas para transmitir enunciados são relíquias ou objetos de nostálgicos compulsivos, desses que ficaram presos por aí até aqui.
As avaliações procuram entender o jovem como um todo! Não há mais desprezíveis cálculos que conduziam a depressão ou informações científicas em primero plano. É tudo tão pedagógico…
É óbvio que se o leitor não está gargalhando do que leu e depositou alguma variedade de fé em trechos anteriores, é bom preparar-se para a parte real (ou considerou mesmo que no país torto algo desmalandra-se?).
Bacharelado é sinônimo de pão francês, qualquer joão ou analfabeto pode retirar seu diploma em cursos com nomes cada vez mais irônicos, a compra de títulos – popular na sua esfera – é quase tão banal quanto a corrupção do senado.
A inércia de nossos irmãos de nação transborda em cada gesto de preguiça; a nossa glória também é maldição: Tendo acesso a tanta informação, nossos jovens a desprezam, preferem plantar batatas virtuais ou avaliar fotos de amigos, como num coliseu social, como num pé de fofoca das comadres rezadeiras.
Em suma: O superior sumiu e a informação abriu as pernas e perdeu toda honra acumulada em anos de revolução – que para alguns nascidos é o mesmo que digitar “#forasarney” num teclado – e sangue, o brilho da cultura que salva da miséria sumiu, e nossos teóricos não sabem o que sugerir. Andam perguntando para que ensinar para quem não quer aprender que aprender pode abrir portas.
O nosso país perdeu o tesão, a libido educacional; por isso desista de suas utopias enquanto não quebras o teu queixo, um Brasil igualitário e “bonitinho” não vai existir, até porque seria em vão essa tentativa de robotizar o povo mais humano que existe.
Boa sorte com seu tempo.

                          Leitor do futuro”